quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Profetas na mesa!?



O termo profeta ou vidente é encontrado cerca de 310 vezes na Bíblia. Os profetas eram numerosos, especialmente, durante a teocracia judaica. Haviam escolas de profetas em Gibeá, Gilgal, Ramá, Betel e Jericó, entre outras cidades. Tais escolas funcionavam como boa parte dos seminários confessionais semi-internos. Catalisavam candidatos, mentoreavam as futuras lideranças, descobriam os talentos, fomentavam a santidade e cultivavam uma vida de oração e aprendizado. Para todos efeitos práticos, a não ser pela ausência de reclusão, eram semelhantes aos monastérios.

Os profetas e o poder

Os profetas mantinham um relacionamento íntimo com os círculos de poder. Eram consultados para que os reis pudessem sair à guerra (I Samuel 14:18). Influíam na legislação (Josué 10:14). Executavam juízos (I Reis 1:10,12). Eram cronistas do reino (II Crônicas 12:15). Por este ângulo, eram temidos. Os reis ímpios fugiam dos profetas (I Reis 22:8, 18) e/ou os perseguiam (Mateus 14:10). Tal temor era transmitido ao povo. Não à toa os profetas de Acabe comiam com sua mulher à mesa. Tê-los ao seu lado implicava na aparência de favor divino, portanto, um meio para impor uma, por vezes, deformada vontade de Deus.

Profetas na mesa

Olhando para a história de Israel vemos que os profetas, quando à mesa, ou no centro de poder, raramente mantinham-se isentos e puros. O caso que destoa desta realidade é o de Daniel. Mas ele não parecia gravitar em torno do palácio, tanto que quando apareceram as escrituras feitos pelo dedo de Deus mandaram-no chamar (Daniel 5). Ou seja, ele não estava na festa.

Grande parte dos profetas comiam na mesa do rei, aproveitando a facilidade e a fartura que ela representava. Aos reis interessava tê-los por perto, pelas razões enunciadas acima, entre outras. Mas tal simbiose denotava um comprometimento perigoso. Não sendo raro profecias sob encomenda (I Reis 22:11) e a gosto do freguês. Um profeta que se prezava não estaria disposto a tais posturas. Preferindo morrer a trocar seu dom por uma benesse.

Contextualizando

Hoje não é diferente. Há tantos profetas à mesa, não é? Tantos buscando aplausos e reconhecimento nos palácios eclesiásticos. Tantos se omitindo para não perder espaço e poder humano. Tantos que perderam seu dom ou o negociaram, a ponto de profetizarem mecanicamente.

O melhor lugar para um profeta é no deserto (Lucas 1:80). Foi lá que Deus moldou o incrível Moisés, o precioso Abraão, o abençoado João Batista. É no deserto que o profeta fala com Deus, Deus fala com ele e ele fala de Deus aos homens! O problema é que há muitos profetas com medo do deserto...

Um comentário:

Anônimo disse...

Daladier,

Tem tanto profeta desse jeito que você nem imagina. Bem pertinho de você tem um que criticou, criticou e criticou até conseguit publicar os livros, aí ele parou.

Tem também aquele que só critica coisas que até criança ve. Mas e os grandes problemas do palácio, porque ele não critica! Porque ele perde o espaço e ai onde é que vai publicar os livros de crítica barata.

Edenilson Bernardo